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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Paulo Câmara: Dia para a Eliminação da Violência Contra a Mulher

No dia 25 de novembro de 1999, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional de Luta Contra a Violência sobre a Mulher, para homenagear as irmãs Minerva, Pátria e Teresa Mirabal, assassinadas pela ditadura de Rafael Leônidas Trujillo, na República Dominicana, em 1960. 

Perderam seus bens, foram torturadas e, por fim, estranguladas.
Em 1981, em Bogotá-Colômbia, em encontro de organização de mulheres de todo o mundo, as irmãs Mirabal foram homenageadas por responderem com sua dignidade à violência, passando essa data a ser considerada Dia Latino-Americano da Não Violência Contra a Mulher.
Sem distinção de cor, classe social ou raça, a violência contra a mulher é um problema mundial. Similar ao racismo – que é um problema de todos e de nenhuma raça em particular - a violência contra a mulher é uma discussão de todos e não apenas das mulheres.

 A morte de mulheres por razão de gênero é absurda e sem justificativa. É classificada como questão de saúde publica, pela quantidade de recurso desprendido, e social, porque destrói a dignidade, viola os direitos humanos e desrespeita a cidadania. Suas formas cruéis deixam como sequelas seres humanos propensos à depressão, ao estresse, com baixa autoestima e, por vezes, mutilados fisicamente. O Banco Mundial estima que, em termos médicos, um em cada cinco dias de absenteísmo do trabalho feminino decorre da violência. Estudos demonstram que as mulheres agredidas tendem a ser menos produtivas, faltam mais ao trabalho e apresentam dificuldades de concentração.

Vários países já adotam políticas públicas destinadas a combater esse flagelo social. Por ser um problema complexo, exige ações integradas em diversos níveis, instâncias e áreas.
No Brasil, a Lei nº 11.340, de agosto de 2006, chamada de Lei Maria da Penha, tem modificado o panorama de combate à violência contra a mulher à medida que homens e mulheres têm se posicionado pela sua efetividade. Ela introduziu mudanças no Código Penal, no Código de Processo Penal e na Lei de Execuções Penais, sendo reconhecida como uma das três melhores do mundo pela ONU. É importante que a lei saia do papel e funcione de verdade. É preciso deixar claro que a Lei Maria da Penha não foi criada para punir os homens, mas para punir o homem agressor.
Aos homens públicos, cabe-nos o enfrentamento da violência contra a mulher, que na maioria das vezes acontece no âmbito doméstico, porque esse tipo de violência também contribui para o aumento da violência urbana. O ambiente doméstico conturbado provoca, muitas vezes, o desejo dos filhos de saírem de casa, ingressando na situação de rua, no alcoolismo, na drogadição, na prostituição, que se torna o caminho curto para a delinquência.

Em Salvador, venho empreendendo esforços no combate a agressão contra a mulher. Apresentei Projeto de Indicação à Prefeitura e, posteriormente, ao Governo do Estado para a implantação, em todo o estado da Bahia, do Dispositivo de Segurança Preventiva (Botão Maria da Penha).
Mantive entendimentos com as autoridades competentes, como o presidente do Tribunal de Justiça, Eserval Rocha, e a desembargadora Nágila Brito, o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, a juíza Márcia Lisboa, da 1ª Vara de Violência Doméstica, além da coordenadora do Grupo de Atuação em Defesa da Mulher do Ministério Público, Márcia Teixeira.

A proposta também objetiva a criação de uma unidade exclusiva para atendimento ao Botão Maria da Penha, já disponibilizada pela Superintendência de Segurança Urbana e Prevenção a Violência de Salvador (Susprev), que prevê rondas pela cidade, em localidades onde a vulnerabilidade é maior.
Precisamos reconhecer que essa luta é de todos nós cidadãos. É necessário mudar os estereótipos masculinos ultrapassados, com comportamentos enraizados por gerações, e promover modelos saudáveis de masculinidade. Disseminar entre os jovens uma nova cultura e incentivar os governos e a sociedade civil a buscar formas de extinguir a violência contra a mulher que impede o exercício da cidadania.
A sociedade precisa encontrar os caminhos de debelar o machismo, o racismo, a homofobia e tantas outras formas de opressão. 

* Paulo Câmara  é presidente da Câmara Municipal de salvador.

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